Deixo para trás o calor e luzes e mantenho meu olhar no horizonte
Apenas escuridão e chuva em minha frente.
Sinto o ímpeto de voltar e me esbanjar com a alegria da falsa luz
Mas eu preciso enfrentar a escuridão.
As gotas que caem incansavelmente fazem meu passo recuar.
Os pelos de meu corpo ficam eriçados e sinto um arrepio.
Fecho os olhos por alguns segundos e então dou o primeiro passo.
As gotas caem sobre meu rosto e eu suspiro
Não era tão ruim quanto eu imaginava.
Então, mais alguns passos e entro na escuridão molhada.
Meu corpo é bombardeado por incontáveis gotas de água.
É difícil abrir os olhos, e quando tento, vejo apenas escuridão.
Acelero o passo para chegar logo ao meu destino
Mas minhas roupas já estavam encharcadas, pesadas.
Meus dentes começam a ranger e meu coração bate mais forte.
Estava cansado...
Então me rendo à escuridão.
Abro os braços e elevo minha cabeça em direção ao céu
Fico por algum tempo sentindo apenas a chuva no rosto
Abraçando o céu, eu abro os olhos e então entendo minha angústia.
Lá estava ela, parcialmente encoberta por seu véu.
Ainda sim soberana sobre os mortais.
“Ahh!” Suspiro eu.
“Porque choras doce princesa?”
A chuva diminui e eu mantenho os braços abertos.
“Inúteis braços sãos os meus, estes que não te podem alcançar!
Inútil coração é esse meu que não te podem aquecer nesta escuridão!
Ahhh minha querida! Se fazer não posso, nada para tua tristeza abrandar,
Dividir as lágrimas permita-me, para que eu possa tua dor sentir.”
Sinto meus olhos aquecerem e minha garganta fechar.
Lágrimas vertem e se misturam com as da princesa.
Não sei por quanto tempo ficamos abraçados
Cúmplices de tristezas e lágrimas.
A chuva pára...
Lentamente abaixo meus braços e tento secar os olhos... em vão.
Uma sensação de alívio e paz pairava sobre mim.
Levanto novamente os olhos: minha princesa se desfez do véu.
Um sorriso escapa de meus lábios enquanto a contemplava.
“Linda és, filha do sol!
Mesmo encarcerada na escuridão
Não perdes o brilho e transmite luz e alegria aos corações apaixonados.
Transformaste calamidade em exultação
Tristezas em alegrias
E do alto faz teus humildes servos brilharem ao teu redor.
Porque temer tuas lágrimas?
Eu as aceito e te consolo.
Em troca, me darás teu brilho todas as noites.
Através de ti aprendi a não temer a escuridão
Através de tuas lágrimas aprendi a abraçar o aflito e chorar ao seu lado.
Por que deveria eu interromper tua tristeza?
Que mal há em chorar?
Tuas lágrimas são bem vindas minha donzela
E te ofereço as minhas em retribuição.
Sob teu olhar seguirei meu caminho
E a escuridão se renderá a nossa luz.”
Com a face iluminada, sigo meu caminho
Sabendo que venci o medo e aprendi a chorar...
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Carta de despedida:
Quero encerrar minha vida por causa de um coração partido. A mulher responsável por isso é Doña Ana, minha gloriosa mas perdida alma irmã. Um mundo em que devo viver sem minha querida Doña Ana é um mundo em que não mais desejo permanecer, embora ainda seja o maior amante do mundo. Fiz amor com mais de mil mulheres, um recorde extraordinário para um homem de tão pouca idade quanto eu.
Como a música, ginástica ou patinação artística, o jogo do amor produz de vez em quanto um prodígio, desabrochando cedo e com intensidade. Sou um prodígio assim. O próprio Zeus pode ter me superado em variedade de espécies experimentadas, mas nunca em ardor. Nenhuma mulher jamais saiu de meus braços insatisfeita, mas isso não tem a maior relevância, agora que perdi a única mulher que já me importou.
Assim, no vigor da vida, aos vinte e um anos, decidi encerrar minha vida esta noite. ( Don Juan DeMarco)http://tajra.sites.uol.com.br/donjuan.html Com carinho Cris (Tita)